Os Empreendedores de Auditoria e Consultoria devem buscar especialização.

CATEGORIA Notícia da edição impressa de 01/10/2014

Mercado nacional desafia pequenas auditorias

Pequenas e médias firmas de auditoria independente lutam para se destacar em um ambiente dominado pelas grandes. A seu favor, fatores como atendimento personalizado e preço competitivo. Contra, um atributo crucial nesse mercado, reconhecimento
Roberta Mello
As pequenas e médias firmas de auditoria ainda são maioria no Brasil, chegando a aproximadamente 360 empresas ao todo. No entanto, elas respondem por apenas 11% do total de auditorias realizadas no País. Competindo basicamente com quatro grandes organizações (Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PricewaterhouseCoopers, conhecidas como Big Four), donas de 72% do mercado nacional, as Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (Fapmp) encaram uma verdadeira luta de Davi contra Golias.
Com 36 anos de experiência em auditoria independente, todos eles dedicados a empresas pequenas, Paulo Peppe conseguiu se destacar em um mercado altamente competitivo. Ele conta que apesar de ainda enfrentar diversas dificuldades, ter uma empresa de auditoria independente no Brasil está mais fácil do que quando fundou a sua Peppe Associados, nos anos 1990. “Quando eu comecei a investir nessa carreira não tínhamos nem literatura disponível no País. O material em português era basicamente o produzido pelo Conselho Federal de Contabilidade. Só 14 páginas sobre o assunto”, lembra Peppe.
Além das evoluções na variedade e qualidade da bibliografia sobre o tema, a dificuldade em contratar e manter profissionais qualificados aumentou desde meados da década de 1960, quando profissionais de contabilidade encararam o desafio de iniciar no País um trabalho comum no exterior. Enquanto antigamente as pessoas saiam das grandes empresas e iam para as pequenas, hoje os jovens não hesitam em trocar o cargo em uma Fapmp pela vaga em uma Big Four. 
Normalmente o fator levado em conta para a decisão não é o salário, bastante semelhante entre as firmas independente do tamanho, mas a possibilidade de evolução dentro da empresa. “Já preparei funcionário desde o início da faculdade que ao receber proposta de uma grande empresa, mesmo com menor salário, aceitou devido a possibilidade de crescimento interno”, lamenta o auditor. 
A grande maioria dos jovens profissionais reproduz um sentimento do mercado de que a auditoria realizada por umas das quatro grandes entidades especializadas no mundo, com filiais no Brasil, é mais confiável. Membro do Comitê de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte da Federação Internacional dos Contadores (Ifac) e do Grupo de Trabalho de Fapmp do Ibracon, Monica Foerster afirma que essa crença do mercado e da opinião pública é falha. 
“As firmas de pequeno e médio porte têm excelente qualidade na prestação de serviços, investimento em equipes com profissionais experientes e atendimento personalizado por um preço ainda menor do que o dos demais.”

Avanço das PMEs abre mais espaço para os profissionais especializados

É cada vez mais comum que não só as empresas de capital aberto, obrigadas por lei a contratar um profissional para analisar os relatórios financeiros, contem com o serviço de auditoria independente. Mesmo empresas menores buscam conquistar a confiança dos investidores e concedentes de crédito. E a asseguração vem sendo usada como importante aliada. 
Carro-chefe da geração de empregos no Brasil, o enorme contingente de pequenas e médias empresas (PMEs) se tornou essencial para o crescimento econômico brasileiro. O segmento representa 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e, em 2013, teve receita total mais de R$ 560 bilhões.
Com tamanha expansão e um potencial claro de crescimento, as PMEs não perdem o interesse em consolidar-se e, é claro, figurar entre as grandes. Para isso, elas vêm investindo, antes mesmo de se tornar obrigatório, em transparência.
Pesquisa realizada pela Federação Internacional dos Contadores (Ifac) sobre o papel das Fapmp ao oferecer suporte às PMEs mostra que estas companhias buscam mais do que auditoria. “Existe uma grande demanda das pequenas e médias por consultoria de negócios”, informa o presidente do Comitê de Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (Smpc, na sigla em inglês) da Federação Internacional dos Contadores (Ifac), Giancarlo Attolini. 
Com uma estrutura enxuta, essas organizações encaram os contadores como “seus conselheiros de confiança”. Attolini alerta também que grande parte dos estudos apontam que os contadores são a primeira e principal fonte de orientações das PMEs. O novo espaço vem sendo explorado pelos profissionais estrangeiros e representa mais oportunidade de negócios aos auditores brasileiros. 
Especialistas defendem que as Normas Internacionais de Auditoria (International Standards on Auditing - ISA) sejam aplicadas de maneira proporcional ao tamanho e à complexidade da entidade. Em um mercado extremamente competitivo, algumas vezes até desleal, e com poucas empresas de capital aberto, a saída para as pequenas e médias auditorias independentes pode ser expandir as responsabilidades dos profissionais, indicam os especialistas.
O misto de consultor tributário, empresarial e auditor pode assustar, mas essa é a tendência apontada pelo mercado. A competição entre grandes e pequenos tampouco é de hoje. A história bíblica de Davi e Golias exemplifica esse embate, em que a força de vontade do primeiro ultrapassa o tamanho do segundo.

Atendimento personalizado é arma para enfrentar a concorrência

As Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Porte (Fapmp) têm de competir corpo a corpo com as grandes firmas e apostam no tripé formado por preço atraente, atendimento personalizado e qualidade de serviços prestados para se sobressair. Por outro lado, as firmas de auditoria de grande porte contam com um dos valores mais reconhecidos pelo mercado: credibilidade.
Monica Foerster, membro do Grupo de Trabalho de Fapmp do Ibracon, indica que os profissionais brasileiros passem a driblar a concorrência desigual investindo maciçamente na prestação de serviços não só de auditoria, ou seja, não só de asseguração. “A atuação em outros direcionamentos de trabalho irá permitir uma asseguração limitada. Esse trabalho requer menor carga horária de trabalho e, consequentemente, um honorário que tenha condições de ser aceito por um cliente menor”, aponta.
Algumas empresas já realizam esse tipo de trabalho. Contudo, a adequação técnica de acordo com as normas específicas ainda não deslancharam. Por isso, no âmbito do Ifac, o que está se buscando é começar a desenvolver também ferramentas e orientações para dar à empresa de auditoria de pequeno e médio porte condições de ir além da asseguração. 
Com a visão de uma Big Four, o diretor de desenvolvimento profissional do Ibracon, Carlos Sousa, garante que a crescente pressão regulatória é igual para as grandes, médias e pequenas. Segundo o auditor, em um mercado competitivo como o que vivemos todos são concorrentes, inclusive as Fapmp entre si. Nos últimos anos, inúmeros casos de big auditorias, normalmente multinacionais, que compraram firmas menores se alastraram por todo País. Elas adquirem as organizações locais muitas vezes com propostas economicamente irrecusáveis.
A percepção do mercado é que elas adquirem uma Fapmp para alcançar os clientes de menor porte e já ter equipe preparada para atuar junto a eles, comenta Monica. “Se é uma tendência não sei, mas existe uma grande probabilidade de que aconteça ainda mais”, admite a especialista.
A concorrência se tornou ainda mais difícil quando a compatibilidade entre o tamanho da empresa e a firma de auditoria contratada desapareceu. Nos últimos anos, as empresas de auditoria de maior porte notaram o potencial das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) brasileiras e estão desenvolvendo setores ou equipes específicas para reforçar a busca por esse mercado.

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS CONTÁBEIS E FISCAIS


Empresários brasileiros são os que mais terceirizam os departamentos contábil e fiscal de suas companhias

De acordo com a mais recente pesquisa da Grant Thornton sobre outsourcing, termo do inglês que significa terceirização de serviços, o Brasil é o país que mais terceiriza suas áreas contábil e fiscal. Dados do estudo mostram que 53% dos executivos brasileiros têm intenção de terceirizar a área contábil, acima da média mundial (40%). A pesquisa foi realizada com 3.300 líderes empresariais, em 45 países.

Na visão dos empresários brasileiros, os principais motivos para recorrer à terceirização são: redução de custos, aumento na eficiência, acesso a profissionais mais especializados e mitigação de riscos para garantir a perenidade da companhia. Segundo Denis Satolo, sócio da Grant Thornton Brasil responsável pela área, existia uma ideia errada de que terceirização significava perda do controle e de eficiência. "Uma notável consequências do outsourcing é a melhora no controle financeiro. As empresas passam a atuar de forma mais segura e protegida contra as sanções da Lei Anticorrupção, em vigor desde janeiro de 2014".

Os departamentos principais alvos de terceirização no Brasil são contábil (78%), fiscal (63%), TI (53%), RH (36%) e serviços financeiros (20%). "Os empresários descobriram que essa é a melhor saída para focar maior energia no negócio ao invés de desperdiça-la em áreas do back-office", afirma Satolo.

Fonte: Portal da Classe Contábil - 25/09/2014

Unificação do Sistema Tributário Brasileiro

JCRS-legislação Notícia da edição impressa de 10/09/2014

Unificação é palavra de ordem para o sistema tributário brasileiro

Imposto único e de âmbito nacional, diminuição das alíquotas e clareza na destinação dos valores arrecadados são as principais mudanças apontadas por especialistas para aproximar o Brasil da política tributária de países desenvolvidos
Roberta Mello
ANELE TRENTIN/DIVULGAÇÃO/JC
Para os especialistas, o País precisa encarar uma reforma tributária investindo na sua simplificação
A tributação é inevitável para a vida em sociedade. Como disse o economista Joseph Schumpeter, “a história fiscal de um povo é, acima de tudo, uma parte essencial da sua evolução histórica geral”. Mas qual o modelo ideal? A resposta para esse questionamento ouvida em uníssono no Fórum Internacional de Tributação, realizado em agosto, em Porto Alegre, é que o ideal para qualquer país é um regime tributário simplificado, com alíquota única em todo território nacional e com destino certo. A conjunção desses fatores deixa as formas de recolhimento e destinação do valor arrecadado mais claras aos contribuintes e torna o Estado forte ao mostrar a aplicação dos recursos.
O evento foi o primeiro promovido pela Faculdade Brasileira de Tributação, e buscou encarar o tema a partir de um prisma interdisciplinar. A conclusão dos especialistas reunidos na Capital é bastante conhecida, apesar de difícil de sair do papel. O Brasil precisa encarar uma reforma tributária investindo na sua simplificação.
Um exemplar próximo ao ideal é a extinta Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). O “modelo perfeito” estabelece o poder de garantir uma alta arrecadação graças à facilidade com que é aplicado, contribui para o aumento da formalização das empresas e dificulta a inadimplência.
“Os países de modelo tributário mais simples crescem mais rapidamente”, avisa o presidente da Comissão de Tributaristas da Associação de Bancos do Peru (Asbanc) e do Comitê Latino-americano de Tributaristas (Colatri) da Federação Latino-americana de Bancos (Felabran), Michel Zavaleta. E o convidado peruano adverte, ainda, que nem sempre ter uma grande receita é sinônimo de serviços básicos a contento ou economia estável. “O modelo que mais arrecada é o plurifásico cumulativo, mas isso não quer dizer que seja bom”.
O Brasil é exemplo disso, diz o professor da Ufrgs Ronald Hillbrecht. A arrecadação de impostos fechou o ano de 2013 em R$ 1.1 trilhão, conforme dados da Receita Federal divulgados em 22 de janeiro deste ano. No entanto, o também presidente do Instituto de Direito e Economia do Rio Grande do Sul (Iders) defende que o retorno ainda está aquém do esperado no País. “O que realmente interessa é a taxa de retorno e não o total arrecadado”, conclui.

Reforma deve ser prioridade para o Brasil nos próximos anos

Apesar de defendido como uma alternativa importante ao País, o modelo do IVA implantado na América Latina não é considerado perfeito. A diferença fundamental é que a União Europeia aplica um sistema comum a partir do interesse do mercado interno e dos estados-membro. Já os regimes praticados nos países latino-americanos não pensam nos blocos econômicos e no comercio exterior. A situação se torna ainda pior quando se leva em conta o posicionamento brasileiro frente aos demais países.
“A verdade é que as legislações na América Latina não facilitam a exportação de capital intelectual, prova de que os países passaram de meros exportadores de bens e commodities”, analisa Zavaleta.
A complexidade do sistema de arrecadação fiscal e a alta carga dos impostos foram os principais motivos apontados para a internacionalização das companhias, de acordo com o diretor de impostos da Vale S/A, Octávio Bulcão. Para o executivo, o Brasil tem um exagerado número de tributos com uma carga alta. De acordo com estudos da PWC de 2013, o País ocupou a 159ª posição no ranking de complexidade tributária. Frente a isso, as empresas se viram obrigadas a buscar alternativas de viabilização operacional.
Em resposta às demandas das empresas, surgiu o Movimento Brasil Eficiente (MEB). O grupo, coordenado pelo doutor em economia Paulo Rabello de Castro, elaborou e encaminhou proposta de simplificação do sistema tributário aos candidatos à presidência. O projeto busca unificar sete impostos e contribuições e reagrupá-los em apenas dois tributos. Um deles, já chamado de Novo Imposto de Renda, seria formado pela União de seis contribuições e impostos: IR, IPI, contribuição sobre a folha de pagamento, Cofins, PIS e CSLL. O segundo seria a conversão dos 27 ICMSs estaduais em uma única legislação com alíquotas harmonizadas, o ICMS Nacional Compartilhado, dividido entre municípios, estados e União.
O projeto de ICMS Nacional Compartilhado prevê a redistribuição dos atuais tributos. Cada estado e município adotaria uma Unidade Real de Valor - uma espécie de URV Fiscal - para fazer transição de um modelo para outro. A estimativa é que a carga tributária, hoje acima de 36,4% do PIB, caia a 30% do PIB até 2022.
Uma emenda constitucional e o Projeto de Lei do Senado (PLS 141/2014), este último para ampliar as atribuições do Conselho de Gestão Fiscal e viabilizar sua instalação e funcionamento, buscam alavancar as alterações.
IVA ou NC, é difícil assegurar qual dos dois se aplicaria melhor à realidade brasileira, como alega José Eduardo Soares de Melo. Encarar a complexidade tributária brasileira não é fácil, mas todos os especialistas apontam a unificação como um dos mais importantes fatores para destravar uma série de medidas decisivas ao País.

Modelo utilizado Na América Latina é uma das principais alternativas

Para Melo, sistema atual distorce o valor e viola a capacidade contributiva. ANTONIO PAZ/JC
A discussão sobre um modelo ideal perpassa a CPMF, mas se torna ainda mais atual e acirrada quando chegamos ao Imposto sobre Comércio de Mercadorias e Serviços (ICMS). Este é sem dúvida o mais polêmico dos tributos cobrados no País.
Tido como responsável pela guerra fiscal entre estados brasileiros e algoz de empresas com sedes espalhadas pelo território nacional, o ICMS é visto como vilão também pelos especialistas.
O papel de salvador da pátria ainda não tem dono definido. A disputa pelo protagonismo segue entre o projeto de ICMS Nacional Compartilhado e o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), os dois modelos de taxação sobre mercadorias e serviços – ainda que este seja mais abrangente.
Enquanto Michel Zavaleta defende que “a ideia de um imposto de valor agregado monofásico é de que ele seja neutro e que o imposto de consumo não deve buscar ter efeitos financeiros”, o ICMS é extremamente importante para o País. Ele responde por 7,56% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, aproximadamente R$ 360 milhões.
Instituído há quase 20 anos através da Lei Complementar nº 87 em 1996, ele continua suscitando discussões até hoje em torno de como e onde deve ser aplicado. A base de cálculo é outro ponto crucial do tributo. “Nossa legislação tributária insere elementos que acabam distorcendo o valor e violando a capacidade contributiva”, adverte o professor titular de Direito Tributário da PUC/SP e coordenador do curso de Pós-Graduação em Processo Tributário, José Eduardo Soares de Melo. 
Além de existir uma deformação no cálculo devido ao grande número de tributos, a diferença de alíquota entre estados dificulta ainda mais sua cobrança. “Ou se tributa na origem ou no destino. Assim como estamos, vivemos diante de uma situação híbrida”, enfatiza Soares de Melo, também autor do livro ICMS – Teoria e Prática.
Já o IVA, aplicado na Europa e em países da América Latina, institui um imposto único em território nacional. Amplamente utilizado na Europa, ele é o imposto adotado pela União Europeia. Na América Latina, países como Peru, Chile, Colômbia e Argentina utilizam o IVA, cujas alíquotas flutuam entre 10% e 21%.
Na contramão da tendência mundial, o ICMS é de responsabilidade estadual. Graças a isso, ele é tido como o grande responsável pela guerra fiscal entre estados existente no País, já que se tornou objeto de barganha entre as 27 unidades federativas pela atração de empresas. Diferentemente, o âmbito de aplicação do IVA é nacional. Trata-se de um sistema único que institui o valor agregado no País e mantém apenas uma alíquota.
Para o economista Ives Gandra, é exatamente a guerra fiscal que tem impedido todas as reformas tributárias. Presente entre aqueles que ajudaram a elaborar a Constituição Federal de 1988, Grandra declara que, na época, se pretendia que fosse feita a política tributária e não política arrecadatória.

Lei que institui o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.

Lei poderá separar joio do trigo, diz diretora da Abong


A diretora executiva da Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais (Abong), Vera Masagão, considerou positiva a sanção da Lei que institui o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. "A lei poderá separar o joio do trigo porque, com ela, você tem ferramentas para que as ONGs que estão de fato agindo pelo interesse publico possam ser reconhecidas", disse.
A nova Lei foi sancionada nesta quinta-feira (31) pela presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto. Na ocasião, inclusive, a presidente afirmou que "às vezes os erros de alguns contaminam o trabalho de milhares". No governo Dilma, denúncias de irregularidades em convênios com o terceiro setor atingiram os ministérios do Esporte e do Trabalho. Além do mais, suspeitas de corrupção envolvendo parcerias públicas com ONGs resultaram em investigações parlamentares no Congresso.
Segundo Vera, "apesar de nenhuma lei conseguir coibir totalmente o crime", essa Lei "cria mais dificuldades para pessoas de má-fé que estejam se aproveitando da figura de uma ONG para usar recursos públicos". Para a diretora da Abong, as novas regras podem ajudar a sociedade a recuperar a confiança em suas próprias organizações.
A lei sancionada hoje pela presidente Dilma Rousseff instituiu o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. O texto contém regras mais rígidas para o repasse de recursos a essas entidades e estabelece critérios para seleção, como a existência e seu funcionamento por pelo menos três anos.
A nova legislação, que vale para as esferas federal, estadual e municipal, exige o "chamamento público" obrigatório, que é uma espécie de licitação para a escolha de uma ONG para o recebimento do recurso público. A lei inclui a exigência de "ficha-limpa" para as ONGs e seus dirigentes, além da necessidade de a entidade comprovar que tem condições de executar o serviço, assim como a existência prévia da organização há pelo menos três anos. Serão criadas ainda comissões de monitoramento e avaliação, que irão acompanhar a execução das parcerias.
Ainda pelo texto, a ONG terá 90 dias para apresentar a prestação de contas e o governo deverá analisar os dados em 150 dias. A decisão poderá ser pela aprovação, rejeição com ressalvas ou instauração de tomada de contas especial. A nova lei entrará em vigor 90 dias após a sua publicação no  Diário Oficial  da União, o que deve ocorrer nesta sexta-feira, 1º.
De acordo com levantamento feito pelo governo, o Brasil tem atualmente cerca de 291 mil associações sem fins lucrativos. Do total, 10 mil receberam recursos públicos entre 2003 e 2011, que representam 3% do total. De 2008 a 2013, entretanto, o número de entidades beneficiadas caiu para 1% do total.
Pelos dados do governo, 80% dos convênios com ONGs são feitos com valores abaixo de R$ 600 mil. Mas a parcela restante que está acima de 600 mil movimenta 80% do total de recursos. O tipo de prestação de contas dependerá do valor do convênio.
A revolução do Sped está apenas começando
Ainda com projetos a serem implantados, o Sistema Público de Escrituração Digital contabiliza avanços no armazenamento das informações, na fiscalização e no respeito às obrigações tributárias e trabalhistas, entre outros
Uma das vantagens do sistema é a redução significativa do uso de papéis
Com a promessa de iniciar uma verdadeira revolução nas rotinas contábeis e empresariais, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) chega à metade do seu sétimo ano de história com um grande rastro de inovações, apesar de ainda ter um longo caminho pela frente.
O sistema inovou por meio da criação de ambientes digitais para a disponibilização, ao fisco, de dados empresariais e da implantação da Nota Fiscal Eletrônica (NFe). Também mexeu com as rotinas trabalhistas via eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas), cuja adesão passa a ser obrigatória a partir do ano que vem, e deve acelerar mais com a entrada em vigor do audacioso Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav), ainda sem data definida para ser implantado.
De modo geral, o Sped consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a sua validade jurídica apenas na sua forma digital.
Os primeiros passos do sistema foram dados com a Escrituração Contábil Digital (ECD), a Escrituração Fiscal Digital (EFD) e a NFe. Após a solidificação dessas ferramentas, é chegada a vez do EFD-Contribuições, eLalur (Livro de Apuração do Lucro Real eletrônico), eSocial e Central de Balanços.
Todos esses projetos têm impactos desde as esferas governamentais, especialmente nos órgãos envolvidos (Ministério do Trabalho e Emprego, Receita Federal, Previdência Social, Caixa Econômica Federal e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS), até os empresários e trabalhadores. A disponibilização de informações tributárias em notas fiscais eletrônicas – instrumento capaz de envolver os estabelecimentos conveniados, a população e a receita estadual – e a maior atenção ao cumprimento da legislação trabalhista graças ao eSocial são apenas dois exemplos de avanços trazidos pelo sistema e que estão intimamente ligados à promoção da justiça social.
Para os fiscos, principalmente das esferas federal e estadual, a importância também é grande.  Segundo o coordenador nacional do Sped, Clóvis Belbute Peres, o sistema trouxe a informação fiscal definitivamente para a era digital. Com as novas ferramentas, veio a mudança do paradigma de declarações, que ficavam apenas no equipamento do contribuinte, e de documentos fiscais em papel, com todos os riscos inerentes a essa situação. A partir de agora, os documentos fiscais são eletrônicos e as escriturações ficam custodiadas em ambiente seguro.
Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sped faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal (PAC 2007-2010) em consonância com tópico referente ao aperfeiçoamento do sistema tributário. O programa de desenvolvimento tem por objetivo principal promover a aceleração do crescimento econômico no País, o aumento dos níveis de emprego e a melhoria das condições de vida da população.
FONTE: JCRS
Roberta Mello
JOÃO MATTOS/JC

Simples Nacional


O Simples Nacional que de simples não tem nada, deveria contemplar todas as atividades de prestação de serviços e categorias profissionais de profissão regulamentada no Anexo III, e acabar com os demais anexos. No caso, das profissões regulamentadas, o Estado não deve onerar mais um contribuinte em detrimento de outro, por ele haver feito a opção de exercer sua profissão através de uma pessoa jurídica (CNPJ), sem a necessidade ou obrigatoriedade de ter que gerar empregos diretos. No Brasil a maioria dos profissionais de profissão regulamentada que exercem sua atividade profissional através de uma Pessoa Jurídica (CNPJ) acabam gerando renda e empregos indiretos. Ao possibilitar que estas categorias profissionais possam estar enquadradas no Anexo III do Simples Nacional, com certeza levaria automaticamente a um aumento da base de contribuintes, pois, profissionais liberais e autônomos sem CNPJ passariam a exercer suas atividades através de CNPJ e enquadrados no Simples Nacional, ou seja, haveria uma redução tributária para as profissões regulamentadas e um aumento da base de tributação, sem o comprometimento de receita para Estado.

Carlos Alberto Garcia Machado
Contador
04/07/2014